Texto literário, mais que um recurso didático

Se o recurso didático se trata de uma ferramenta utilizada com maior ou menor frequência em todas as disciplinas como, por exemplo, o quadro, o flanelógrafo, cartaz, gravura, álbum seriado, slide, maquete, canções, e outros, entendemos que aprisionar o texto literário como mero recurso didático é negar-se a si mesmo e negar ao aprendiz o direito de aprender com liberdade. Como componente do contexto curricular e material autêntico, o TL, por ser um registro da estrutura da língua, amplia no aluno sua competência linguística, sua compreensão e expansão oral e escrita. Esta aquisição se dá, porque no TL temos amostras de uso da língua em seus mais diversos usos. Para isso, é preciso desenvolver atividades e habilidades de leitura, permitindo que o significado do texto seja em si mesmo um procedimento ativo e significativo de aprendizado.

Acreditamos que ao nos voltarmos para a sensibilidade do texto literário, descobrimos um diversificado universo linguístico e extralinguístico. Sem contar, que nos permite estreitar uma relação mais próxima com nossos alunos, permitindo-lhes mergulhar num universo íntimo, além de dar-lhes a oportunidade de se revelar como gente; como ser pensante e crítico. Pelo contexto literário, o profissional poderá transferir para o educando os seus valores mais humanos e desenvolver neles um sentido mais amplo de vivência pela experimentação do outro e não limitá-lo apenas a atividades de decodificação e exploração do vocabulário.

Cabe ao professor romper com o tradicionalismo e enfrentar com suavidade e sutileza a autoridade da escola e os moldes do livro didático e tratar o TL como fonte inesgotável de possibilidades dentro do universo de ensino e aprendizagem de uma língua. Quando o definimos como um lugar de possibilidades, não o limitamos a um mero recurso didático, que se insere na aula como pretexto ou como mecanismo auxiliar para uma atividade específica, mas como um leque que permite abranger o entorno linguístico, cultural, social, político, moral, religioso, científico e quem sabe mais, a depender da criatividade e intencionalidade de quem decidiu não ensinar através de transferência de conhecimentos, mas possibilitar o processo de construção, como menciona o saudoso Paulo Freire.

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