Práticas pedagógicas e ensino de Espanhol como Língua Estrangeira
Outro
dia fui surpreendida com a seguinte frase de um aluno: “Basta ter em mãos um excelente
livro didático e o professor dominar a estrutura linguística de uma língua
estrangeira para garantir o aprendizado de seus alunos”. Fiquei bastante
incomodada com tal assertiva e me dei conta de que era necessário trazer ao
contexto de ensino de segunda língua (L2) algumas teorias e perspectivas
discutidas no curso de pedagogia. Ainda mais, depois de ouvir de estudantes que
professor X ou Y não “sabiam ensinar”, apesar de terem domínio da língua.
Observa-se que raramente se fala da
questão didático-pedagógica nos cursos de formação superior em língua
estrangeira (LE). Evidente que todos os pontos discutidos nas disciplinas de
metodologia são importantes para a instrumentalização da aula, mas é preciso
fazer com que o aluno seja parte integrante do processo de ensino-aprendizagem.
Por isso, prefiro afirmar que antes de sermos professores precisamos ser
educadores. Daí porque falar em Paulo Freire. O filósofo da educação afirmava,
já na década de 70, que “Em lugar de comunicar-se, o educador, faz ‘comunicados’
e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente,
memorizam e repetem”. [1]
Se observarmos, o contexto de ensino não mudou muito e nós, enquanto
formadores, precisamos estar atentos a isso.
Outro ponto pertinente, diz
respeito à necessidade de se fazer uma
leitura do mundo como compreensão do contexto; conhecer e respeitar os
saberes dos alunos, já que ensinar
implica vincular a realidade concreta com a disciplina que se ensina; promover
a criticidade (implica numa dimensão qualitativa na construção
cognitiva) e a reflexão sobre a própria prática, porque refletir é assumir o que se está fazendo; apreender
da realidade considerando que a
capacidade de ensinar provém da capacidade de aprender.
Também é pertinente destacar as dez competências para o ensino
relacionadas pelo estudioso Pirrenaud (2000)[2]:
Organizar e dirigir situações de aprendizagem; Administrar a progressão das aprendizagens; Conceber e fazer evoluir os dispositivos de
diferenciação; Envolver
os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; Trabalhar em equipe; Participar da administração da escola; Informar e envolver os pais; Utilizar novas tecnologias; Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da
profissão; Administrar
sua própria formação contínua. Fazendo uma reflexão quanto aos papéis que integram a competência de um
professor, Furlani (2000)[3] apresenta questões que
norteiam o rumo de uma aula. Em Autoridade do professor, ela aborda a forma transmissão
do conhecimento, o modo como o professor entende sua disciplina, a avaliação da situação pedagógica e o relacionamento com os alunos.
Quanto ao
planejamento dos conteúdos a serem trabalhados em sala, temos a contribuição do
estudioso Almeida Filho (2008) que distribui o momento da aula em quatro fases: Clima e a Confiança, Ensaio e uso, Pano e Apresentação. É preciso
levar em conta também a questão do planejamento do curso e da aula, afinal de
contas, um bom planejamento permite que o profissional articule melhor os
conteúdos com as necessidades dos seus alunos e do programa previsto para o ano
letivo ou para o semestre. Evidentemente
que não apresento aqui uma receita, mas acredito que se tratam de pressupostos
relevantes que contribuirão, sobremaneira, para um ensino mais efetivo.
[1] FREIRE, P. Pedagogia
do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, p.66
[2] PERRENOUD, P. Dez
novas competências para uma nova profissão. Pátio-revista pedagógica. Porto
Alegre: Artmed, ano v, n.17, p. 8-12, maio/jul., 2001.
[3] FURLANI, Lúcia M.T. Autoridade
do professor: meta, mito ou nada disso?
6ed. São Paulo: Cortez, 2000.
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