Perspectiva gramatical em ensino de língua espanhola: reflitamos!

No ano de 1999 eu comecei a dar aula de língua espanhola no Núcleo de Línguas da UECE. Nesta época, eu cursava o 6º período do Curso de Letras. E como todo professor iniciante, a maior dúvida era: “como abordar tal conteúdo gramatical?”. Ao recordar a minha prática como aluna, de curso de língua e de escola do ensino médio regular, percebia que o conteúdo linguístico era apresentado aos alunos sem fazer-lhes refletir sobre o seu uso, isso porque o professor de língua não se detinha em desenvolver novos métodos por pressupor que o ensino de gramática já se consolidava de tal forma como uma prática mecânica e tradicional. Essa inquietação me levou a repensar minha postura enquanto professora e passei a cogitar estratégias que me fizessem conduzir os alunos a uma reflexão e a que percebessem os conteúdos gramaticais de forma lógica e funcional.

Neste sentido foi que, a cada unidade gramatical do livro didático adotado no Núcleo, eu preparava minha aula sempre partindo da reflexão deles para o conteúdo; sempre pensava numa estratégia onde eu partisse do aluno para chegar as “tais regras”; sempre pensava numa forma de explorar o conteúdo sem ter que partir do “já pronto”. O que eu desejava era que, por meio da observação dos fatos, os alunos chegassem às conclusões e que por si mesmos fossem capazes de compreender os conteúdos de língua espanhola distanciados de uma metodologia enfadonha e tradicional. Ao colocar minhas ideias em prática, percebi ao final do semestre quão valioso tinha sido essa metodologia reflexiva, pois os alunos tinham saído de uma zona passiva para uma ativa. Perguntavam mais, tinham mais maturidade ao empregar certos termos gramaticais e sabiam da sua funcionalidade.

Resultado disso tudo: ao me deparar no 8º período com a disciplina de monografia, não pensei em outro assunto se não socializar a minha experiência. Como eu já tinha o produto final, faltava a bendita teoria que justificasse a minha prática. Foi então que passei a investigar autores e princípios didático-pedagógicos a respeito da participação do aluno no processo de aprendizagem e numa ação reflexiva. Neste andar, encontrei Loch (1995), sobre a questão da abordagem construtivista; Richards (2001), sobre a reflexão do ensino de idiomas e Travaglia (2000), no que diz respeito à gramática reflexiva. Como vocês puderam perceber, eu tinha pronto todos os conteúdos trabalhados em nível inicial partindo de uma abordagem participativa-reflexiva sem nunca ter lido nada sobre construtivismo ou gramática reflexiva. Unindo a minha prática com as teorias que a justificassem foi que escrevi o seguinte trabalho: ESTRATÉGIAS DE ENSINO DIRIGIDAS À APLICAÇÃO GRAMATICAL EM CURSO DE LÍNGUA ESPANHOLA NO NÍVEL INICIAL. Nesta monografia, eu mostrei todos os passos a serem trabalhos com os seguintes conteúdos: Verbo ser; Género y número; Verbos regulares acabados em AR em presente de indicativo; Artículos determinantes e indeterminantes; Verbos tener y estar em presente de indicativo; ; Verbos irregulares que mudam a vogal “e” do radical para “i”; Os demonstrativos. Lembro-lhes de que estes conteúdos eram os assuntos abordados nas unidades iniciais do livro didático  adotado no Núcleo de Línguas da UECE na época em que eu era aluna-bolsista.

Bom, o fato é que estes modelos de atividades, apesar de terem sido explorados no ano de 1999 e 2000, ainda hoje nos servem como reflexão a que pensemos numa melhor forma de abordagem dos conteúdos linguísticos em língua espanhola. É claro que temos hoje inúmeras possibilidades de abordagem destes conteúdos, mas por meio deste trabalho deixo registrado que é possível pensar num ensino de gramática participativa e reflexiva.



Este trabalho foi condensado em um artigo publicado no livro: Letras Plurais e se quiserem ter acesso a ele, podem clicar AQUI.

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